O Facebook revelou esta semana um novo expediente para tentar conter a ventilação de notícias falsas. A rede social desenvolve atualmente um sistema para avaliação de usuários, cujo resultado será um ranking de confiabilidade a ser utilizado, sobretudo, internamente.
Os critérios escolhidos para determinar a reputação individual, entretanto, não devem ser divulgados – sob o risco justificável de que muitos usuários passariam a manipular a pontuação em benefício próprio. Em entrevista ao site do The Washington Post, a gerente de produtos da Facebook, Tessa Lyon, adiantou apenas que a cada usuário será associada uma pontuação variando entre zero e um – indicando o quão confiável cada um pode ser considerado.
“Não saber como o Facebook está nos julgando é algo realmente desconfortável”, reconhece a diretora do First Draft, um laboratório de pesquisas pertencente à Universidade de Harvard cujo foco são os estudos sobre o impacto de informações falsas. “Ironicamente, entretanto, eles não podem nos dizer como estão nos avaliando – porque, se o fizeram, o algoritmo que utilizam será utilizado como um jogo.”
Denúncias com base ideológica
De fato, a única métrica revelada diz respeito ao histórico de postagens. Basicamente, se um usuário constantemente denunciar como “falsas” publicações tidas como confiáveis pela rede social, esse usuário será considerado pouco confiável.
“Eu normalmente brinco dizendo que esse trabalho seria muito mais fácil se as pessoas denunciassem apenas coisas falsas”, diz Lyon, fazendo menção aos vários casos de denúncias baseadas, sobretudo, em posturas ideológicas discrepantes entre usuários e conteúdo. “Com frequência as pessoas denunciam materiais unicamente por discordarem deles.”
Conforme aponta o site The Next Web, a divulgação do novo algoritmo por parte do Facebook não ocorre por acaso. Afinal, os EUA se aproximam das próximas eleições – de forma que a rede social “quer mostrar que pode nos proteger”.
De qualquer forma, parece pouco provável que a nova ferramenta possa funcionar de maneira completamente análoga ao ranking do Facebook para veículos de mídia. Afinal, é de se acreditar que a rede social não vá limitar a utilização ou mesmo excluir usuários unicamente por pontuarem baixo em questões de reputação.