Era 16 de junho de 1986. Jogavam Argentina e Inglaterra. O famoso jogo de quartas-de-final da Copa do Mundo de Futebol em que Maradona fez o gol de mão e sua seleção acabou vencendo por 2×1. Eu tinha apenas 7 anos e lembro muito bem desta data. Estava sozinho na frente de casa, sobre um monte de areia, brincando de fazer castelo.
Uma data marcante para mim, mas sem nenhum registro. Meu pai poderia ter feito uma foto daquele momento com sua câmera fotográfica analógica. Ele adorava fotografia, mas não o fez. Era muito trabalho, não tinha o hábito de fotografar com tanta frequência, mesmo porque, ele teria que acabar um filme inteiro de 36 poses antes de colocar para revelar.
Eu não tive este registro analógico. O meu pai não foi um pai analógico naquele momento. Hoje, ele mudou até de categoria, é um avô digital, evoluiu com a tecnologia e registra tudo que a neta faz com seu celular e máquina fotográfica de última geração.
Mas continuo sem o registro daquele momento, ainda não inventaram uma impressora que imprima memórias. Seria muito bacana! Quem sabe quando chegar aos 100 anos eu consiga imprimir este registro.
Com o nascimento da minha filha no dia 21 de junho de 2010, comecei a fotografar e filmar quase tudo! Era uma neura. No dia do seu nascimento por exemplo, foram 137 fotos do parto e momentos posteriores ao acontecimento. Registros feitos por um amigo que é fotógrafo profissional. E não parei por aí! Tenho fotos em situações inusitadas, como por exemplo, a assinatura da certidão de nascimento com a juíza no cartório, que logo depois, chamou todos os funcionários par ver a tal cena. A juíza muito surpresa, relatou o encontro como único em 20 anos de profissão. Eu queria registrar tudo, o primeiro suco, o primeiro banho, o primeiro tudo.
Com o avanço da tecnologia, surgiram novas demandas, e uma delas é a organização de tantos registros. Foram mais de 30mil fotos e vídeos desde o nascimento da minha pequena. Como organizar, compartilhar e principalmente continuar os registros de forma organizada?
Organizando as fotos
Sou fotógrafo amador, mas sempre gostei de fotografar com máquina digital, e quando se tem uma memória de 32GB, você acaba tirando muitas fotos. Sempre deixo configurado para salvar na maior resolução possível, caso precise imprimir uma foto muito grande ou até mesmo vender aquela imagem espetacular em sites especializados.
Feitas as fotos, precisamos tirar da máquina e organizar. Sempre as organizo em pastas no computador, primeiro crio a pasta do ano, dentro da pasta ano eu crio a pasta mês e dentro de mês, a pasta dia.
Quando se organiza dessa forma, você não se perde, mas surgem dois problemas: O espaço no computador e principalmente, o compartilhamento com familiares e amigos.
Backup na nuvem
Esta demanda foi resolvida por diversos serviços especializados em armazenamento de fotos gratuitas, existem dezenas, para todos os gostos. O OneDrive da Microsoft, que já vem na conta do Hotmail, o Dropbox, o iCloud para quem utiliza os produtos da Apple e o Flirck que é muito utilizado por profissionais. Mas nenhum deles se compara ao Google Fotos.
Quando se cria uma conta do Gmail você adquire um pacote office, e dentre os serviços está o Google Fotos.
Nas configurações do serviço, por padrão, ele faz uma compactação das imagens e vídeos sem perda, ou seja, fotos de alta resolução, mesmo indo para o serviço online, podem ser utilizadas para diversos fins, profissionais ou não.
É um serviço gratuito, que vai muito além de um simples armazenamento. Veja como consigo extrair o máximo do serviço.
Baixei o aplicativo do Google Fotos para meu Windows, configurei ele para subir todas as fotos da minha pasta de nome “+ Fotos”, ou seja, sempre que eu criar uma pasta ali dentro, o sistema vai subir novos arquivos automaticamente para o serviço online.
Quem utiliza celulares com o sistema operacional Android e possuem uma conta do Gmail, o Google Fotos vem por padrão. Basta se logar e configurar o backup das fotos da câmera. Para usuário que utilizam o IOS, basta baixar o aplicativo do Google Fotos.
Compartilhamento das fotos com familiares e amigos
No aplicativo aparecem o rolo da câmera, com todas as fotos organizadas por data, o sistema pega essas informações no arquivo de imagem chamado de Exif, ali é guardado tudo sobre a fotografia, desde a data, configuração e até mesmo o modelo da máquina.
Nesse momento você cria os álbuns de aniversários, casamentos, formaturas ou dia de praia com a tia, enfim, organize da forma que você achar melhor.
Criou o Álbum, escolheu a foto de capa, vem a hora de compartilhar com os amigos e familiares. Você pode simplesmente gerar um link e compartilhar no Whatsapp, mas existe uma forma mais organizada de se fazer isso e explorar o máximo do Google Fotos.
O sistema possui reconhecimento facial e pode organizar as fotos pela face, isso é incrível e você terá uma produtividade muito maior na organização do seu álbum.
Se você organiza sua agenda de telefones da forma que organizo (nome, sobrenome, telefone e e-mail) salvos no Google Contatos da minha conta do Gmail, o compartilhamento será muito mais rápido, pois o Google Fotos detecta quem está nas fotos do álbum e já sugere o contato para compartilhamento. Um e-mail é enviado e até mesmo aparece um alerta no celular da pessoa indicada.
Criando álbum colaborativo
Na hora de criar um álbum de fotos, você tem a opção que o mesmo seja colaborativo, ou seja, sabe aquela viagem que fazemos em grupos e que todos tiram fotos diversas, cada um no seu celular? Pronto! Agora todos podem subir as fotos e vídeos para o mesmo álbum. Chega de mendigar aquela foto linda que seu amigo tirou de você e nunca te enviou.
Como continuar os registros do seu filho não estando presente?
Quando Lorena cresceu e chegou aos 7 anos, ela ganhou um celular. Eu já tinha sua conta do Gmail criada desde o seu nascimento, e acabei configurando o aparelho com o seu Gmail, além disso, configurei o Google Fotos para efetuar o backup da câmera e das imagens do Whatsapp. O espaço do Google Fotos é ilimitado.
Eis que veio a minha agradável surpresa, eu queria capturar momentos únicos da minha filha, sem que eu esteja presente e foi isso que consegui.
Ela usa o celular como todas as crianças, tirando selfs, vídeos com os amigos, cantando, brincando, e sabe aquele vídeo em que pega a maquiagem e roupa da mãe escondidos, se pinta, tira foto e grava um vídeo para ver se ficou legal? Eu tenho esse momento registrado por ela e as amigas e muitos outros sensacionais, feitos por uma inocente criança.
A paternidade digital é aquela paternidade em que você cuida dos rastros digitais do seu filho, hoje, ensinamos o dever de casa, a andar de bicicleta, o que pode e o que não pode, mas é um momento também de aprender sobre os perigos da internet, na adolescência, ensinamentos sobre sexo, drogas, mas também sobre fotografar e filmar momentos de intimidade. Este último eu acho que é tão ou mais importante quanto os outros. Uma vez na internet, sendo compartilhado, estes registros ficam para eternidade.
Sabe aquela criança que estava brincando de fazer castelo, sozinha na rua, durante a copa do mundo? Ela cresceu, transformou a frustração em motivação, encontrou uma solução para um problema e evitou que a filha passasse pelo mesmo sentimento.
Eu não sei você, mas eu gostaria de ver as fotos do meu parto, gostaria de ter as selfs com meus amigos guris, e principalmente, assistir aos vídeos que poderia ter gravado aos 7 anos sozinho.
Deixo este legado digital para minha filha, e compartilho estes ensinamentos para todos aqueles pais que queiram ter essa paternidade digital.
E desejo que nunca acabe a bateria do celular dela em um momento incrível a ser registrado, este, eu não terei backup.
Feliz dia dos Pais!
Saint Clair, pai digital, mas nunca virtual.